Quando Socorro Lima me convidou para escrever o prefácio deste livro, o primeiro pensamento que veio à cabeça foi que seria uma ousadia de minha parte aceitar, porque apesar de também ser artista da dança e pessoa com deficiência, sou uma mulher sudestina e julguei que não teria competência para escrever sobre processos criativos de artistas que vêm de uma realidade tão, aparentemente, distante da minha. “Corpos Dançantes” veio confirmar o que eu já intuía: o que nos aproxima é tão autêntico e profundo que a distância geográfica jamais poderia pressupor. A subjetividade dos movimentos de quem precisa se relacionar com o mundo fora dos padrões da normatividade e que na arte a diversidade de corpos é um campo fértil de expressividade ímpar. Sob orientação de Marina Mota, para além dos relatos do processo de pesquisa e criação de um espetáculo, este livro é o registro das palavras de quem vivencia na carne os temas: acessibilidade, capacitismo, tecnologias assistivas e pedagogias de acesso. São narrativas de possibilidades e, sobretudo, um convite a se reconhecer como um corpo dançante.